Quando dois seres sentem
que podem estabelecer uma relação de Amor, não basta cada um ter consciência do
seu Eu, se cuidar, se amar, se respeitar, se expressar, se responsabilizar por
si. Todos esses ingredientes, centros de consciência despertos, demonstram
pessoas cheias de habilidades, com um potencial de expansão, pronto para saltar
uma oitava acima em sua espiral evolutiva.
Mas, se não tiver Amor
será como “um címbalo que retine” ou um instrumento musical com um som
desafinado, totalmente inútil em sua função primeira. Se não tiver Amor para
colocar o outro acima do seu Eu, será como uma flor rara que preparada para
abrir e exalar todo o seu perfume, fenece precocemente. Só o Amor traz a
qualquer individualização um sentido de existir. Duas taças precisam
transbordar o vinho da celebração, pois foram criadas para brindar a Vida. Cada
ser nasce com um projeto, uma missão, mas só o Amor cria a Plenitude da
manifestação.
O Amor privilegia o outro,
esquecendo que há um “Eu e um Outro”. Sem se dissolver, sem esquecer-se de si,
mas simplesmente sentindo-se extasiado ao ver aquele Ser realizando seu voo
exuberante, espargindo toda a sua essência, alegria e expansão. É um estado de
graça. Não há fronteiras entre o particular ou o todo, tudo torna-se Um.
Ao contrário, quando se
personaliza o Amor, surge o “meu amor e o seu Amor”. Passa-se a medir, a
negociar, a fazer trocas, a ter medos, a fazer cálculos até onde se esta
somando, dividindo ou subtraindo. Esforçam-se para serem vistos, entendidos, valorizados.
Muitos manipulam para não perder o contrato, o castelo construído, o tempo
empregado. Não há Amor na Igualdade, apenas trocas, que podem ser afetivas sim,
mas que esvairão quando a moeda se findar.
Reciprocidade significa
correspondência mútua, em todos os níveis: espiritual, mental, emocional e
físico sem objeção. Vem do alto, trazida pelo vento da Alma em sintonia com a
outra Alma e cantam a mesma canção. Numa relação de reciprocidade a emissão de
Amor, antes de ir já voltou. Aliás, nem precisou ir, pois os dois polos são
alimentados ao mesmo tempo sem esforço. Cada um sabe que o outro também é ele.
Muitas vezes palavras são desnecessárias, um olhar tudo diz. Nenhuma ação é
esperada para se justificar. Não há dúvidas. Não há medos, só o Amor a vibrar e
a iluminar como um grande farol.
Quando se pensa o outro já
faz parte. Quando se ora o outro é a própria oração. Não está fora, está junto.
Como dizia o mestre: – Eu sou contigo.
O Amor é assim, largo,
flexível com espaços para fluir. Ele procura os caminhos para chegar ao seu
coração e inundá-lo com a essência da fonte, como um rio que procura o mar. O
Amor procura a menor resistência para seguir no seu propósito. Não há o que
fazer. Apenas Amar e deixar-se Amar. O fluxo do Amor então, se fará
incessantemente em seu infinito percurso na Unidade.
Tereza Sigwalt
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