quarta-feira, 4 de março de 2015

AMOR É RECIPROCIDADE - Tereza Sigwalt


Quando dois seres sentem que podem estabelecer uma relação de Amor, não basta cada um ter consciência do seu Eu, se cuidar, se amar, se respeitar, se expressar, se responsabilizar por si. Todos esses ingredientes, centros de consciência despertos, demonstram pessoas cheias de habilidades, com um potencial de expansão, pronto para saltar uma oitava acima em sua espiral evolutiva.

Mas, se não tiver Amor será como “um címbalo que retine” ou um instrumento musical com um som desafinado, totalmente inútil em sua função primeira. Se não tiver Amor para colocar o outro acima do seu Eu, será como uma flor rara que preparada para abrir e exalar todo o seu perfume, fenece precocemente. Só o Amor traz a qualquer individualização um sentido de existir. Duas taças precisam transbordar o vinho da celebração, pois foram criadas para brindar a Vida. Cada ser nasce com um projeto, uma missão, mas só o Amor cria a Plenitude da manifestação.

O Amor privilegia o outro, esquecendo que há um “Eu e um Outro”. Sem se dissolver, sem esquecer-se de si, mas simplesmente sentindo-se extasiado ao ver aquele Ser realizando seu voo exuberante, espargindo toda a sua essência, alegria e expansão. É um estado de graça. Não há fronteiras entre o particular ou o todo, tudo torna-se Um.

Ao contrário, quando se personaliza o Amor, surge o “meu amor e o seu Amor”. Passa-se a medir, a negociar, a fazer trocas, a ter medos, a fazer cálculos até onde se esta somando, dividindo ou subtraindo. Esforçam-se para serem vistos, entendidos, valorizados. Muitos manipulam para não perder o contrato, o castelo construído, o tempo empregado. Não há Amor na Igualdade, apenas trocas, que podem ser afetivas sim, mas que esvairão quando a moeda se findar.

Reciprocidade significa correspondência mútua, em todos os níveis: espiritual, mental, emocional e físico sem objeção. Vem do alto, trazida pelo vento da Alma em sintonia com a outra Alma e cantam a mesma canção. Numa relação de reciprocidade a emissão de Amor, antes de ir já voltou. Aliás, nem precisou ir, pois os dois polos são alimentados ao mesmo tempo sem esforço. Cada um sabe que o outro também é ele. Muitas vezes palavras são desnecessárias, um olhar tudo diz. Nenhuma ação é esperada para se justificar. Não há dúvidas. Não há medos, só o Amor a vibrar e a iluminar como um grande farol.

Quando se pensa o outro já faz parte. Quando se ora o outro é a própria oração. Não está fora, está junto. Como dizia o mestre: – Eu sou contigo.

O Amor é assim, largo, flexível com espaços para fluir. Ele procura os caminhos para chegar ao seu coração e inundá-lo com a essência da fonte, como um rio que procura o mar. O Amor procura a menor resistência para seguir no seu propósito. Não há o que fazer. Apenas Amar e deixar-se Amar. O fluxo do Amor então, se fará incessantemente em seu infinito percurso na Unidade.

Tereza Sigwalt