terça-feira, 7 de abril de 2020

O PARAÍSO PERDIDO


É incrível como se perdeu a ideia de coletividade e união neste nosso tempo. Até mesmo nas copas do Mundo de futebol, onde sentíamos explodir em nossos corações o sentimento adormecido de amor à Pátria, onde Nações se uniam para disputar a bola, a esfera branca da Paz, sob o mais puro espírito esportivo, tudo isso se perdeu, não existe mais.
A globalização aproximou os 4 cantos do planeta, mas não uniu ninguém. Pelo contrário, pensamentos dualistas e individualistas, dividiram muitos países, trazendo o caos, os conflitos, as guerras. A identidade de cada povo, seus ritos, costumes, sua essência, foram pasteurizados pela “imitose” mundial, desqualificados pela impaciência do resultado imediato. A tecnologia invadiu países, casas e vidas, distanciando em telinhas os membros da própria família. Cada um no seu quadrado e ninguém em lugar nenhum.
O foco passou a ser o indivíduo. Nas suas conveniências, que significa “aquilo que atende ao gosto, às necessidades, ao bem-estar de um indivíduo”. Nichos, tribos, serviços diferenciados objetivam atender aos caprichos de seus clientes. Sair do sofá não é mais preciso.
Sem perceber, o outro já não era mais percebido, mesmo que estivesse ao lado. A amizade se esvaziou do calor humano, os likes passaram a ser abraços distantes e frios. As pessoas se protegeram do sol, se isolaram dos almoços em família, das brincadeiras ao ar livre, negaram o olhar grato, à belíssima paisagem que nos foi dada.
Não somos uma bolha flutuante. Somos partes de um todo, somos células neste corpo vivo chamado Terra, nossa mãe generosa. O que atinge um, atinge à todos. Precisamos voltar a nos ver como irmãos, a nos importar com o nosso outro Eu e próximo. Deixar de ser conivente com as conveniências que nos transformaram em seres egocêntricos e não empáticos.
Estamos de castigo e já cansados de ver celular e televisão, nessa prisão. Vamos aproveitar para ter um olhar mais amoroso para com os nossos familiares, nossos pais e avós, valorizando-os, ouvindo-os, cuidando-os, pois sem eles não estaríamos aqui e a qualquer momento eles podem partir.
Queremos sol, queremos abraçar, beijar, rir e dançar. Respirar sem medo. Talvez valorizar tudo isso seja a nossa amarga lição e voltar ao paraíso que perdemos, o nosso mais profundo desejo.
No final deste confinamento forçado, espero que muitos acordem do efeito anestesiante da tecnologia na palma da mão, e as usem para doar mais, para criar, plantar, acariciar, nutrir, orar e agradecer por esta oportunidade de estarmos juntos aqui e agora!

Mais consciência do que conveniência é o que desejo para todo o planeta, para todos nós!


Tereza Sigwalt