É incrível
como se perdeu a ideia de coletividade e união neste nosso tempo. Até mesmo nas
copas do Mundo de futebol, onde sentíamos explodir em nossos corações o
sentimento adormecido de amor à Pátria, onde Nações se uniam para disputar a
bola, a esfera branca da Paz, sob o mais puro espírito esportivo, tudo isso se
perdeu, não existe mais.
A
globalização aproximou os 4 cantos do planeta, mas não uniu ninguém. Pelo
contrário, pensamentos dualistas e individualistas, dividiram muitos países,
trazendo o caos, os conflitos, as guerras. A identidade de cada povo, seus
ritos, costumes, sua essência, foram pasteurizados pela “imitose” mundial,
desqualificados pela impaciência do resultado imediato. A tecnologia invadiu
países, casas e vidas, distanciando em telinhas os membros da própria família.
Cada um no seu quadrado e ninguém em lugar nenhum.
O foco
passou a ser o indivíduo. Nas suas conveniências, que significa “aquilo que
atende ao gosto, às necessidades, ao bem-estar de um indivíduo”. Nichos,
tribos, serviços diferenciados objetivam atender aos caprichos de seus
clientes. Sair do sofá não é mais preciso.
Sem
perceber, o outro já não era mais percebido, mesmo que estivesse ao lado. A
amizade se esvaziou do calor humano, os likes passaram a ser abraços distantes
e frios. As pessoas se protegeram do sol, se isolaram dos almoços em família,
das brincadeiras ao ar livre, negaram o olhar grato, à belíssima paisagem que
nos foi dada.
Não somos
uma bolha flutuante. Somos partes de um todo, somos células neste corpo vivo
chamado Terra, nossa mãe generosa. O que atinge um, atinge à todos. Precisamos
voltar a nos ver como irmãos, a nos importar com o nosso outro Eu e próximo.
Deixar de ser conivente com as conveniências que nos transformaram em seres egocêntricos
e não empáticos.
Estamos de
castigo e já cansados de ver celular e televisão, nessa prisão. Vamos
aproveitar para ter um olhar mais amoroso para com os nossos familiares, nossos
pais e avós, valorizando-os, ouvindo-os, cuidando-os, pois sem eles não
estaríamos aqui e a qualquer momento eles podem partir.
Queremos
sol, queremos abraçar, beijar, rir e dançar. Respirar sem medo. Talvez
valorizar tudo isso seja a nossa amarga lição e voltar ao paraíso que perdemos,
o nosso mais profundo desejo.
No final
deste confinamento forçado, espero que muitos acordem do efeito anestesiante da
tecnologia na palma da mão, e as usem para doar mais, para criar, plantar,
acariciar, nutrir, orar e agradecer por esta oportunidade de estarmos juntos
aqui e agora!
Mais consciência
do que conveniência é o que desejo para todo o planeta, para todos nós!
Tereza Sigwalt